domingo, 6 de maio de 2012

Abandonado, poliesportivo do MAC no Jardim Cavallari é alvo de especuladores

DIARIO DE MARILIA

Área de 78 mil metros quadrados, avaliada em R$ 5 milhões, está abandonada e é alvo de ações judiciais entre empresários da cidade

Uma briga judicial envolvendo o já extinto Clube São Bento e empresários de Marília arrasta a situação de abandono em que se encontra o antigo poliesportivo do MAC (Marília Atlético Clube) localizado no Jardim Cavallari, na zona oeste da cidade. O local por mais de dez anos funcionou como a sede social e campestre do clube.

De acordo com a procuração datada do dia 10 de junho de 1975, a área de 78 mil metros quadrados foi doada pelo então presidente do São Bento, Renato Simões, ao presidente do MAC, na época Pedro Pavão. Uma revista de publicação do MAC registrou a data em que Simões fez a doação do local que um dia Virgínio Cavallari confiou a ele para construção da sede do São Bento.

O documento também previa que dois cartorários residentes em Marília, Rubens Venturini (in memória) e Dirceu Bastazini passassem a escritura para o clube que estava recebendo o imóvel. Segundo o advogado João More, na época tesoureiro do MAC, a lavratura do documento não foi possível devido a falta de recolhimento de impostos dos dois clube.

More ainda comentou que na época o São Bento já se encontrava em dificuldade financeira, à beira de sua extinção. “Em conversa com Simões, eu sugeri que a área fosse doada ao MAC e nós pagaríamos o que ele já havia investido no local. E dessa maneira foi feito”, disse. Desde então, a área é de propriedade do MAC, que investiu para construir a estrutura de lazer que chegou a ter mais de três mil associados.

Porém, segundo apurou o Jornal Diário, há quase quatro anos a área que está avaliada em R$ 5 milhões foi vendida a R$ 200 mil pelo suposto presidente da inexistente Associação Atlética São Bento, Carlos Marques, ao empresário Alcides Mattiuzo da Empreendimentos Tangará. No local ele planejava construir um complexo comercial e residencial cujo lucros exclusivos para si e outros investidores, em detrimento do Mac e da comunidade. Essa escritura foi passada na cidade paranaense de Jacarezinho, já que era fruto de transação suspeita.

Escritura passada, a empresa poderia dar início ao empreendimento imobiliário no local, contudo o documento foi interditado por uma ação de Carlos Marques que pediu a anulação da venda e a alienação do imóvel, alegando que Mattiuzo não havia pago o valor ofertado.

No processo nº 344.01. 2011.017117-3, da 3ª Vara Cível de Marília, consta, o bloqueio do imóvel e a ação onde é solicitada a anulação das escrituras de compra e venda lavradas na cidade de Jacarezinho, além da escritura lavrada em Marília.

O advogado e ex-prefeito de Marília, Domingos Alcalde, confirma a informação e diz que foi procurado por Marques para ajudá-lo a reaver a área. “A área não é e nunca foi de propriedade de Carlos Marques. É por direito do clube. A transação feita é irregular”, avalia Alcalde.

Por dez anos local movimentou a cidade

O Poliesportivo do MAC foi inaugurado em 1976, um ano após a doação por parte da Associação Atlética São Bento. A ocasião se tornou um marco para a cidade que possuía poucos clubes como aquele até então.

Segundo Pedro Pavão, a estrutura da sede social e campestre do MAC possuía piscina de adultos com raia olímpica, piscina infantil, além de campo de futebol, lanchonete, salão de festas e sauna. “Até 1985 o poli funcionou muito bem, com manutenção periódica com a ajuda dos mais de três mil sócios que adquirimos no decorrer do tempo”, comentou.

A decadência começou em 1986, quando outros clubes surgiram em Marília. Por estar localizado mais distante do centro da cidade, os sócios deixaram de frequentar e os recursos não foram mais suficientes para manter o clube que foi desativado poucos anos depois.

O Jornal Diário também apurou que há cerca de dez anos, quando a área já estava abandonada, o próprio Carlos Marques tentou novamente vender a área para a construção de uma igreja, pelo valor de R$ 80 mil. Na ocasião a área estava avaliada em R$ 2 milhões. Como o espaço estava abandonado, Carlos Marques combinou com a presidência do MAC, há cinco anos, para que o Clube entrasse com ação para reintegração de posse. Ação esta articulada para ser perdida, para que a área fosse entregue ao São Bento que estava há mais de 20 anos inativo.

O MAC de fato perdeu a ação e a Justiça decidiu que a área deveria ser entregue ao São Bento que na época tentava resgatar suas atividades. Segundo Carlos Marques, que não quis comentar sobre as ações que move para reaver a área na zona oeste. O São Bento hoje disputa as categorias sub 15 e sub17 da Federação Paulista de Futebol, mas está ligado ao Lençoense, usando a denominação CAO Lençoense, de Lençóis Paulista. Entretanto, o clube não possui sede própria ou escritório em Marília.

Poli desativado preocupa moradores locais
O abandono do antido poliesportivo gera preocupação, medo e dúvida entre os moradores do Jardim Cavallari que convivem há mais de 15 anos com o que sobrou do que já foi um centro de lazer e esporte para toda a população. Agora abriga andarilhos e usuários de drogas.
Basta andar pelas dependências da área para perceber o perigo que o local representa, com indícios de prostituição, uso de entorpecentes, além da sujeira, do mato alto e das piscinas ainda cheias de água servindo de criadouro para o mosquito da dengue.
Para o comerciante Luis Natal Ferrari, 34, o bairro não recebe mais investimentos justamente pelo abandono da área. “Um empresário que chega aqui e vê essa situação jamais vai querer investir no bairro”.
A aposentada Irene Rodrigues de Oliveira, 62, moradora do bairro há mais de dez anos, tinha receio de passar pelo local nos dias que busca seu neto de oito anos na escola próxima. “Não deixo ele vir sozinho e faço questão de ir levar e buscar para não correr o risco de ocorrer algum mal”, explicou Irene.

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