Marilia é fértil em
golpistas. De toda ordem. Contra todos os inocentes. Tem sempre gente querendo
tirar proveito de outrem. E no rapa da malandragem, pelas ruas da cidade,
prosperam os estelionatários. É o caso do golpe do bilhete premiado. Dezenas de
ocorrências no ano passado foram registradas pela Policia Civil. A maior parte
delas fica sem solução. Isso porque os vivaldinos nem sempre ou quase nunca são
da cidade. Vem do norte do Paraná, sul de Minas Gerais, da capital paulista e
aqui encontram ambiente propício para seus golpes nefastos. Hospedam-se
naqueles hotéis bem chinfrins. Cadastram-se com nomes falsos. Saem durante o
dia à caça de suas presas. Ficam de tocaia nas portas dos bancos, á espreita de
idosos que seguramente tem poupança gorda ou ao menos recheada. Os golpistas
tem faro de dinheiro. Desenvolvem esse sexto sentido pela vida. São mestres e
doutores no estelionato. Pois, bem.
Modus
operandi
O sujeito se
aproxima, com cara de coitado. Nota-se um bilhete de loteria em sua mão. A
senhora idosa acaba de sair do banco e deixa transparecer que está com a
bufunfa na bolsa. Logo, inicia uma conversa. O capiau, malandro, bandido, diz
ser da roça, que tem um bilhete premiado em mãos, que precisa conferir na
lotérica e que dada a pressa, não sabendo o valor do prêmio, nem se importando
com a quantia, quer logo se desfazer do
bilhete e oferece à idosa. Aparece um segundo elemento, golpista, que
pega o bilhete, diz que vai conferir e logo volta, afirmando que está realmente
premiado, que gostaria de ficar com ele e pagar o que fosse, mas não tem
dinheiro. A idosa já de olho arregalado porque também não é boba, sabe contar
dinheiro, se oferece para ficar com o bilhete e dar qualquer coisa para aquele
que julga ser da roça. Entra no banco, saca 20 mil reais da poupança, entrega o
dinheiro limpo nas mãos do suposto dono do bilhete premiado e se dirige à
lotérica onde é informada de que aquele bilhete não tem direito a prêmio algum.
A grosso modo, este é
o modus operandi do golpe do bilhete premiado.
Claro, nunca mais a senhorinha verá os golpistas que somem no mundo, sem
deixar sequer rastros de poeira. Cenas como essa se repetem constantemente em
Marília, celeiro do chamado “171”. Denominação que no Código Penal, significa
Estelionato.
De outra forma, também é comum o Golpe da Recompensa. O
sujeito chega perto da pessoa, geralmente moça, deixa cair um envelope com um
monte de papel dentro, fechado, e quem vem atrás, em ato de bom samaritano,
chama o golpista e fala – oh, moço, o senhor deixou cair esse envelope. O
golpista faz cara de assustado, olha o envelope, lacrado, fechado, fala pra pessoa
que lhe deve a vida porque ali contem muito dinheiro. E que como compensação
lhe oferece uma recompensa, a de buscar um par de sapatos na loja “X” que fica
a alguns quarteirões dali. E que a esperaria para recompensa ainda maior,
inesquecível, mas, que como segurança de que retornaria e prestaria o
agradecimento, seguraria sua bolsa. Já ludibriada e com a ambição formigando a
garganta, assim se sujeita. Não encontra
a loja de sapatos, começa a ficar nervosa e quando volta ao
ponto de encontro, não acha mais a bolsa tão pouco o dinheiro que sacara do
banco. E se vê vítima de um tremendo
golpista. Na delegacia, o jeito é fazer
um BO. E torcer para a casa do malandro cair. Chora, muitas vezes mente que foi
roubada ou furtada, para esconder o drama da família. E as dezenas de casos caem no colo de
investigadores de unidades policiais que abarratados de trabalho, com numero
reduzido de profissionais para tanto serviço, apesar da boa vontade desses
profissionais, vê-se a senhora quase que desiludida contentar-se com o boletim
de ocorrência e a esperança de que recupere seus pertences.
Qualquer um está sujeito a cair nesses contos do vigário.
Porque o estelionatário tem alto poder de convencimento.
Quem nunca ao menos caiu em um golpe ou foi assediado criminalmente,
que atire a primeira pedra.
As dicas da polícia batem sempre em cima da tecla do cuidado
extremo, do desconfiar permanente, de nunca deixar um idoso ir sozinho ao
banco, e sempre que possível, acompanhado de um filho ou sobrinho, de nunca
andar com senha na bolsa ou carteira e junto do cartão bancário, não retirar
extratos do caixa eletrônico e deixa-lo visível.
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