terça-feira, 22 de maio de 2012

Golpe do bilhete premiado e da recompensa estão entre os mais aplicados contra o mariliense




Marilia é fértil em golpistas. De toda ordem. Contra todos os inocentes. Tem sempre gente querendo tirar proveito de outrem. E no rapa da malandragem, pelas ruas da cidade, prosperam os estelionatários. É o caso do golpe do bilhete premiado. Dezenas de ocorrências no ano passado foram registradas pela Policia Civil. A maior parte delas fica sem solução. Isso porque os vivaldinos nem sempre ou quase nunca são da cidade. Vem do norte do Paraná, sul de Minas Gerais, da capital paulista e aqui encontram ambiente propício para seus golpes nefastos. Hospedam-se naqueles hotéis bem chinfrins. Cadastram-se com nomes falsos. Saem durante o dia à caça de suas presas. Ficam de tocaia nas portas dos bancos, á espreita de idosos que seguramente tem poupança gorda ou ao menos recheada. Os golpistas tem faro de dinheiro. Desenvolvem esse sexto sentido pela vida. São mestres e doutores no estelionato. Pois, bem.
Modus operandi
O sujeito se aproxima, com cara de coitado. Nota-se um bilhete de loteria em sua mão. A senhora idosa acaba de sair do banco e deixa transparecer que está com a bufunfa na bolsa. Logo, inicia uma conversa. O capiau, malandro, bandido, diz ser da roça, que tem um bilhete premiado em mãos, que precisa conferir na lotérica e que dada a pressa, não sabendo o valor do prêmio, nem se importando com a quantia, quer logo se desfazer do  bilhete e oferece à idosa. Aparece um segundo elemento, golpista, que pega o bilhete, diz que vai conferir e logo volta, afirmando que está realmente premiado, que gostaria de ficar com ele e pagar o que fosse, mas não tem dinheiro. A idosa já de olho arregalado porque também não é boba, sabe contar dinheiro, se oferece para ficar com o bilhete e dar qualquer coisa para aquele que julga ser da roça. Entra no banco, saca 20 mil reais da poupança, entrega o dinheiro limpo nas mãos do suposto dono do bilhete premiado e se dirige à lotérica onde é informada de que aquele bilhete não tem direito a prêmio algum. A grosso modo, este é o modus operandi do golpe do bilhete premiado.  Claro, nunca mais a senhorinha verá os golpistas que somem no mundo, sem deixar sequer rastros de poeira. Cenas como essa se repetem constantemente em Marília, celeiro do chamado “171”. Denominação que no Código Penal, significa Estelionato.
De outra forma, também é comum o Golpe da Recompensa. O sujeito chega perto da pessoa, geralmente moça, deixa cair um envelope com um monte de papel dentro, fechado, e quem vem atrás, em ato de bom samaritano, chama o golpista e fala – oh, moço, o senhor deixou cair esse envelope. O golpista faz cara de assustado, olha o envelope, lacrado, fechado, fala pra pessoa que lhe deve a vida porque ali contem muito dinheiro. E que como compensação lhe oferece uma recompensa, a de buscar um par de sapatos na loja “X” que fica a alguns quarteirões dali. E que a esperaria para recompensa ainda maior, inesquecível, mas, que como segurança de que retornaria e prestaria o agradecimento, seguraria sua bolsa. Já ludibriada e com a ambição formigando a garganta, assim se sujeita.  Não encontra a  loja de sapatos,  começa a ficar nervosa e quando volta ao ponto de encontro, não acha mais a bolsa tão pouco o dinheiro que sacara do banco.  E se vê vítima de um tremendo golpista.  Na delegacia, o jeito é fazer um BO. E torcer para a casa do malandro cair. Chora, muitas vezes mente que foi roubada ou furtada, para esconder o drama da família.  E as dezenas de casos caem no colo de investigadores de unidades policiais que abarratados de trabalho, com numero reduzido de profissionais para tanto serviço, apesar da boa vontade desses profissionais, vê-se a senhora quase que desiludida contentar-se com o boletim de ocorrência e a esperança de que recupere seus pertences.
Qualquer um está sujeito a cair nesses contos do vigário. Porque o estelionatário tem alto poder de convencimento.
Quem nunca ao menos caiu em um golpe ou foi assediado criminalmente, que atire a primeira pedra.
As dicas da polícia batem sempre em cima da tecla do cuidado extremo, do desconfiar permanente, de nunca deixar um idoso ir sozinho ao banco, e sempre que possível, acompanhado de um filho ou sobrinho, de nunca andar com senha na bolsa ou carteira e junto do cartão bancário, não retirar extratos do caixa eletrônico e deixa-lo visível.


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